Sacode a poeira Cadeg...

Para falar sobre o primeiro post do Rio, nada melhor que falar do Cadeg (Central de Abastecimento do Estado da Guanabara), depois de algumas guerras de interesse entre comerciantes e a prefeitura da cidade, em 1957 iniciou o que na época foi considerado o terceiro maior projeto em volume de concreto do Brasil, atrás somente do Maracanã e hidrelétrica de Furnas.

Há poucos anos o Cadeg vinha sofrendo por falta de clientes devido ao crescimento agressivo de grandes distribuidores, dominando o mercado dos pequenos comerciantes que ali permaneceram... Desde muito garoto frequentei o Cadeg, meu pai adorava comer bolinho de bacalhau no Adonis (tema do próximo post e fica bem próximo do Cadeg), depois de alguns bolinhos, seguíamos direto pro Cadeg para comprar azeite, vinho do Porto, bacalhau e claro algumas flores para a mamãe, ela não gostava muito do cheiro de cerveja do meu pai, consequência de uma vida boemia, que na época eu achava o máximo, e hoje também... Alguns anos depois, mantive a tradição e frequentemente levo minha filha Antonia no mesmo lugar, mas depois de alguns anos percebi que o bolinho de bacalhau perfeito está bem lá dentro no Beco das Concertinas, um lugar fantástico onde portugueses e brasileiros de todas a classes e lugares se encontram para dançar, brindar e comer o que esses dois países têm de melhor para oferecer... a revitalização do Cadeg vem de poucos anos pra cá, muitos restaurantes e lojas de vinhos, armazéns e lojas de plantas surgiram...

 O bolinho mais famoso!

 Porto

 Gostaria de mencionar em especial um restaurante que está dando o que falar no Cadeg;

Barsa

O restaurante português do chef Marcelo Barcellos, deu inicio a nova cara do Cadeg, um ar sofisticado e de ótimo gosto, decoração rústica e cozinha aparente, os pratos de apresentação farta em panelas de ferro, chamam a atenção de quem passa pelo corredor 4. Estive lá numa quarta-feira, era um almoço rápido e descontraído, e claro que pedi o carro chefe da casa, o bacalhau Rei, postas de bacalhau com alho grelhados no azeite português acompanhados de batata cozida, ovos, couve e azeitonas. Como era um almoço corriqueiro, não pude experimentar a entrada de pão com linguiça e provolone e muito menos as sobremesas de doces caseiros,  o pão estava com uma aparência ótima, mas acho que as sobremesas poderiam ser mais interessantes, quanto ao preço, achei justo pela fartura dos pratos e o serviço é bom, mas não se acostumem, pois lugares como o Cadeg, é muito comum a rispidez de alguns funcionários, é o jeito deles...curtam o produto, esse sim é único!!

Um dia bom para conhecer o Cadeg é sábado pela manhã, compre flores, plantas, vinhos e frutas com ótimos preços, e não se esqueçam que bem lá no final do corredor principal, existe uma loja de coisas para casa e cozinha bem legal se chama Alooplastic, depois feche sua tarde com um belo almoço no Barsa, um roteiro amistoso e com a cara do Rio.

 Bacalhau do Rei

O Barsa, fica no corredor 4, ao lado no recém chegado Costelão.

Não é só o Cadeg que passa por uma fase de revitalização, a zona norte inteira passa por este momento, torço para que o movimento continue, o subúrbio do Rio já está voltando a ser um lugar de grandes alegrias ... as velinhas de Olaria voltaram a colocar suas cadeiras de praia na frente de suas casas para fofocar sobre a vida dos outros, o Cacique de Ramos está mais lindo do que nunca, cheio de cores e acompanhado da imortal tamarineira, as tendas culturais da Penha resurgiram da cinzas, as rodas de samba estão em todas as esquinas de Irajá ao Jacaré, e os botequins,  estão cada vez mais originais... quanto as pessoas, confeço que não houve muitas mudanças... continuam com os mesmos sorrisos tanto nos olhos quanto na boca...